quarta-feira, 17 de junho de 2009

Compatilhar transformador



Há tempos que tento conhecer um pouco sobre a Kabbalah. Não porque é moda. Porque sou mística mesmo e todos os assuntos relacionados à espiritualidade me interessam.
Já ouvi de tudo! É incrível como as pessoas gostam de cuidar da vida alheia, do que gostamos, fazemos ou deixamos de fazer. Como se não fôssemos livres para decidir, escolher o caminho, ou caminhos, que desejamos seguir.
Triste isso!
Na última semana me perguntaram: "De que serve estudar isso?" ( a Kabbalah).
Bem, serve tanto quanto qualquer prática que nos conecte conosco mesmo, com alguma Força Superior, ou no mínimo, que nos faça viver melhor com os nossos semelhantes, só aí já temos uma grande utilidade. Pelo menos eu penso, mas cada qual pense como quiser.
Mas, como disse Jesus: "Ama ao teu próximo como a ti mesmo! Neste ensinamento encerra-se todos os ensinamentos de todos os profetas" (livre tradução).
Meu 'dever de casa' esta semana para o curso de Kabbalah era desenvolver a arte de Compartilhar. De tudo o que se diz sobre essa filosofia mística judaica, esse é o ponto principal, a chave!
Dizem algumas correntes judaicas que enquanto as pessoas não aprenderem a compartilhar de fato, todos os templos que forem construídos em Israel serão destruídos. Pois as pessoas não sabem o real valor desse ato, compartilhando apenas das sobras. Eles acreditam que o conhecido Muro Das Lamentações só está de pé porque foi o único pedaço do templo construído com doações sinceras.
Assim como na memória de nossos filhos só ficarão gravados aqueles momentos em que compartilhamos com eles o nosso melhor . Aquelas horas de total e generosa entrega . Entrega do que temos de melhor naquele momento. Quer seja o nosso tempo, nosso trabalho, dinheiro, alegria, amizade ou até mesmo algumas lágrimas, entre tantas outras coisas.
Do mesmo modo, é o que sobrará dos casamentos ou relacionamentos: mãos dadas, sentidas em cada movimento: de segurança, de medo, de confiança...; olhos que se enxergam verdadeiramente, almas que se leem em cada gesto. Que compartilham de um mesmo ideal: fazer mais pelo outro, ainda que isso represente sacrifício: ouvir quando o outro precisa falar e se está morto de cansaço, passar noites acordadas se o outro necessitar de nossos cuidados, não comprar aquele carro maravilhoso se é mais importante para o outro fazer um curso que ele necessite muito. Os exemplos são inúmeros. Cada um sabe o que pode abrir mão para compartilhar com o outro a alegria de estarem juntos.
Compartilhar é sair da zona de conforto.
E como é difícil compreender isso, quanto mais fazer!
Não é estar próximo fisicamente. Nem perguntar como o outro está pelo msn, telefone. Enquanto pensamos nas milhares de outras coisas que se têm que fazer ou poderia estar fazendo.
Por isso há tanta superficialidade nos relacionamentos.
Quem compartilha direciona sua energia a um só foco. Claro que podemos ter vários focos: o emprego, ou empregos, cada um dos filhos, a mãe, o cachorro, uma instituição que assistimos...
O importante é estar totalmente presente e centrado em cada situação.
É o caso de estar casado e ser consumido pela solidão.
De ficarmos horas no msn e irmos dormir vazios e carentes.
Ai o zazén! Lembrei-me do zazén!
Atenção Plena!!
Apenas sentar-se!
Apenas sentir!
Apenas ouvir!
Compartilhar é dividir-se plenamente com o outro. É não pulverizar-se. É sentir-se e sentir a necessidade alheia. Mas isso só é possível se sairmos de nós mesmos.
A solidão é o que nos leva a inúmeros relacionamentos vazios, a consumir mais que o necessário. Em espanhol a definição é perfeitamente clara: "con su mismo", consigo mesmo. Com mais ninguém. Sozinho!