domingo, 11 de outubro de 2009

Elas sabem



Às vezes gosto de brincar que sou árvore
só para ser tocada pelo vento
Plantar meus pés no chão
sentir crescer os musgos, as pequenas plantas e flores nos meus tornozelos
Estender meus braços aos céus
e poder ouvir a música das estrelas
Eu acho que as árvores podem tudo
elas conhecem o segredo de como crescer na escuridão da noite
Eu não!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

"Na metamorfose"...


Amo esse nome do blog de uma amiga muito amada!
Ele diz tudo: Não nascemos prontos! Nunca estamos prontos.
Mas infelizmente pensamos que sim!

Não nascemos filhos ou filhas. Pais ou mães. Amigos ou esposas.
Leva-se muito tempo de observação, meditação, tolerância, amor para que formemos esses papéis em nós.
Não que o conhecimento já não esteja presente, porque sempre está.Todas as respostas, questões, aprendizados, moram em nós. Como se houvesse um programa de computador já instalado, porém que não é acionado, a menos que o ativemos. Ou seja, depende do nosso querer.
 O problemas também, muitas vezes  não é nem querer, é reparar que existe essa necessidade. Prestar atenção no outro. Olhar com cuidado suas necessidades, dores, aflições...
  Ficamos tão atentos às infinitas vozes externas sobre nós mesmos, nossos pais, amigos, irmãos, que nem sequer olhamos para quem eles são, ou para quem, de fato, somos.
  Só quando calamos o exterior é que o interior pode se manifestar plenamente. Ele é muito educado e não fala enquanto há outros falando.
   E para calar não precisamos nos isolar do mundo. Tornar-se um eremita ou viver afastado daqueles que amamos ou do mundo real.
   Todas as religiões oferecem as suas práticas de comunhão com o divino, se ficar em silêncio e ouvir, todas as respostas virão.Independente de você acreditar que venham de um deus ou de você mesmo. Elas virão!
  Levei minha vida inteira sabendo que minha mãe não sabia ser mãe. Justificava esse fato a sua pouca idade, 17 anos quando me deu à luz. Não a culpava diretamente, mas de alguma forma achava que essa deveria ser uma qualidade intrínseca a toda mulher. É estranho como não pensamos isso dos homens ou dos filhos.
 Só as mães têm que nascer sabendo serem mães!!!
Hoje, aos 37 anos, descubro que só agora estou aprendendo a ser filha.
Que ser filha, ou filho, não é dizer ‘eu te amo’, visitar aos domingos para almoçar ou nas férias. Ligar toda semana e nos dias dos pais.
   Ser filho é acompanhar as dores e angústias. Saber das dificuldades financeiras, profissionais, de saúde, sentimentais até! Pois pai e mãe também têm problemas e possuem sexo, sabia?
 Infinitamente mais cômodo pensar que não.
 Mas não basta saber, é preciso ajudar, colaborar no que for necessário. É se desdobrar para que o dinheiro dê para si mesmo e para os pais se isso for preciso, é tolerar os limites, as fraquezas morais, os fracassos pessoais, espirituais sem julgamentos ou condenação. É ensinar em suas dificuldades, doar tempo, paciência, resolver até questões que para nós nos parecem tão simples, mas que na cabecinha deles nem sempre é. Não é apontar o dedo e dizer: ”Ele plantou, ele que colha”. Realmente julgar não nos cabe, isso não nos é permitido nesta vida. Amar sim.
   Quantas vezes nossos pais nos acolheram em nossas fraquezas e deslizes?
 Mas não devemos acolhê-los apenas como uma forma de retribuição ou de pagamento. E sim como uma ato de amor, afeto incondicional .
  Pegamos o pai ou mãe, o irmão, a esposa ou o amigo, tal qual um filho doente ou drogado (que é a mesma coisa) e o acudimos. Não importam os papéis, às vezes eles se invertem mesmo. Mas o amor é o mesmo.
  Repenso e repasso todos os meus papéis. Sei que o que mostro ao mundo é infinitamente medíocre perto da grandeza que trago na alma. É como dizia Niestsche : "A coisa mais difícil neste mundo é nos tornarmos quem realmente somos”. É tirar de dentro de nós os verdadeiros filhos e filhas, pais e mães, irmãos e amigos.
   Não morrermos na intenção de sê-lo.
   Mas trabalharmos neste processo sem fim de tornar-se.
   Nada na vida é pronto. Os substantivos não existem. Uma árvore não existe, ela é um processo como nós. 
Osho diz: "só os verbos são reais, não somos nada, estamos nos tornando sempre".
Uma única certeza: Na metamorfose, Dani, esse é o nosso estado permanente.