sábado, 28 de julho de 2012

O poço


O dia era calmo, quieto, manso.
Aconchegante como um camelo em seu corpo de animal comprido e sereno.
Era amarelo e azul infinitos, como céu e terra que não conhecem muros.
Imensidão de luz, profusão de vida latente
A beleza tem um tal poder, uma majestade que cala!Que se anuncia sem se anunciar.

Intuitivamente segui até o poço.
Bebi do perdão que há muito tempo me esperava.
Senti uma quentura escorrendo sob a pele.
Mãos trêmulas e palavras desajeitadas.

Viver tem desses mistérios.
Quando achamos que estamos vivos, não estamos.
E quando achamos q ela se foi, estamos plenos.
Por isso creio em Deus.
Porque há sempre algo que foge ao nosso controle.
A magia da vida é o inesperado.
É o que nos confunde e atordoa.
Põe um sorriso discreto em nossos lábios
E um brilho raro nos olhos.