sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Do não manifesto


Gosto do gosto da promessa.
Do que poderia ter sido.
Porém não "saiu do papel".
Não se manifestou sob o sol.
Não desabrochou.
Não, não sou a favor do aborto.
De nenhuma forma de morte.
É que creio na existência do não palpável.
Do que não precisou ser materializado para ter existido.
Creio que aquilo que passou pela mente, e também pelo coração,
Existiu de alguma forma.
Em outra dimensão que não nessa. Em outro espaço, talvez outro tempo...
Da mesma forma que os sonhos que, de tão reais, ficam impregnados em nossas narinas, ouvidos, na pulsação e no compasso do nosso respirar.
Há desejos tão reais, que se tornam verdadeiros 'monumentos' internos. E, se de fora ninguém vê, de dentro não há dúvida de que existam!
Há vida demais em projetos que não chegaram a ser concretizados quanto em ódios sem explicação, problemas imaginários, fantasmas mentais e crenças que ninguém nunca viu.
De todos os sentidos, o mais enganoso é a  visão.
De todas as realidades, a mais real é a que não se vê.
Mas  a se sente, a que se pressente nas entrelinhas. Nas dobras do tempo.
No mínimo espaço de tempo de um piscar de olhos.